A Chamada de Procedimento Remoto (RPC) é um mecanismo essencial de comunicação em redes blockchain, permitindo que um programa de computador execute sub-rotinas em outro computador sem que os desenvolvedores precisem detalhar explicitamente essas interações. No contexto blockchain, as interfaces RPC padronizam a forma como carteiras, aplicações descentralizadas (DApps) e ferramentas de desenvolvimento interagem com nós da blockchain, viabilizando consultas ao estado da rede, envio de transações e acesso a funcionalidades do sistema.
O conceito de RPC surgiu das demandas de sistemas distribuídos, tendo sido proposto e desenvolvido nos anos 1970. Com o avanço da internet e da computação distribuída, o RPC consolidou-se como método padrão de comunicação entre diferentes programas. No universo blockchain, consolidou-se como protocolo principal para a comunicação entre nós e para interações entre aplicações externas e blockchains. Bitcoin, Ethereum e a maioria das blockchains reconhecidas implementaram suas próprias especificações de interface RPC, permitindo que desenvolvedores interajam de forma unificada com suas respectivas redes.
Tecnicamente, o RPC em blockchains é geralmente implementado sobre os protocolos HTTP ou WebSocket, utilizando formatos de dados como JSON-RPC ou gRPC. Quando um usuário ou aplicativo precisa interagir com uma blockchain, envia solicitações RPC devidamente formatadas para um servidor com um nó blockchain ativo. Essas solicitações trazem nomes de métodos e parâmetros — como consulta de saldo, envio de transações ou busca de informações de blocos. O nó processa a solicitação, executa a operação necessária e retorna o resultado. Esse modelo permite que desenvolvedores criem aplicações capazes de interagir com blockchains sem exigência de conhecimento profundo sobre a comunicação de rede subjacente.
Apesar da praticidade, o uso de RPC em aplicações blockchain apresenta riscos e desafios. Endpoints RPC abertos publicamente podem ser graves vulnerabilidades de segurança, caso não estejam corretamente configurados ou protegidos por controles de acesso, podendo resultar em acessos indevidos ou ataques de negação de serviço. Além disso, chamadas RPC podem gerar gargalos de desempenho em ambientes de alta concorrência, especialmente em nós públicos sobrecarregados por grande volume de solicitações. As diferenças entre especificações de RPC em diferentes blockchains também aumentam a complexidade do desenvolvimento de soluções cross-chain. Por fim, a dependência excessiva de poucos provedores públicos de RPC pode criar riscos de centralização: se esses serviços forem interrompidos, toda a cadeia de aplicações dependentes pode ser prejudicada.
Como peça-chave da infraestrutura blockchain, a Chamada de Procedimento Remoto é fundamental para a expansão e adoção em larga escala dessa tecnologia. Ela oferece aos desenvolvedores um método unificado e padronizado de integração com redes blockchain, simplificando o desenvolvimento e reduzindo barreiras de acesso. À medida que a tecnologia avança, interfaces RPC seguem em evolução para oferecer mais funcionalidades, maior desempenho e segurança aprimorada. Garantir serviços RPC robustos, seguros e confiáveis é essencial para o crescimento sustentável de todo o ecossistema blockchain.
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